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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Região Oeste do Rio Grande do Norte volta a ser dominada pela bandidagem



Marcada em sua história por acontecimentos violentos, a região Oeste do Rio Grande do Norte sempre despontou como a mais perigosa do Estado. Estupro, latrocínio, assaltos, sequestros, assassinatos, roubo de veículos, arrastões nas estradas são muito comuns para a população que vive na região.
De 1980 a 1990 começaram a surgir quadrilhas que se tornaram conhecidas nacionalmente, pela ousada e forma de agir, superando em todos os aspectos o aparelho policial. Bandos famigerados como os da família Carneiro, liderados por "Doutor Benevides e mais tarde pelo seu primo Valdetário Carneiro; a quadrilha de José Ferreira da Silva, o "Dão Torrado"; o bando de Hélio Cosmo da Silva, "Mangueira"; a gangue de João Nunes, "João da Besta" e tantos outros mais.
Há mais ou menos dois anos uma falsa sensação de paz foi plantada pelos governantes, tentando maquiar a realidade do povo simples e humilde das cidades oestanas. No entanto, essa calmaria acabou e recentemente os bandidos voltaram a agir desenfreadamente, desafiando a polícia, que já não mais consegue conter a ousadia dos criminosos durante suas ações.
Para se ter uma ideia, basta fazer uma leitura nos veículos de comunicação da região que nas páginas policiais diariamente são publicadas notícias ligadas ao Oeste. São assaltos a estabelecimentos comerciais, bancos, correios, carros e motos tomados de assaltos e arrastões nas estradas.
O agricultor Honório Dantas, proprietário de uma pequena fazenda entre os municípios de Caraúbas, Olho D'água do Borges e Umarizal, já teve a sua casa invadida por bandidos duas vezes, de onde levaram dinheiro e eletrodomésticos. "Estou sendo obrigado a me mudar para uma cidade, minha família não mais consegue ter paz. Todo dia quando anoitece é aquela tensão, o nervosismo toma conta de todos, pois já por duas vezes fomos roubados. Quero vender minha propriedade que durante anos vem passando de pai para filho, mas sei que dificilmente vou encontrar comprador", destacou.
A mesma situação viveu um agricultor residente no sítio Boa Água, em Caraúbas, quando durante a madrugada bandidos invadiram sua casa e levaram móveis e dinheiro. "É uma sensação horrível, você acordar com bandidos dentro de sua casa, humilhando sua família e ameaçando todos", destacou o agricultor que não quis ser identificado.
As constantes invasões a domicílios na zona rural tem levado a população a migrar para as cidades onde a "segurança" aparentemente é um pouco mais visível.
"Já cansamos de cobrar do governo segurança, entretanto nada é feito, o caos tem se instalado na região e nós agricultores não temos para onde ir ou para quem apelar. É muito triste ver tanta gente boa refém da marginalidade", concluiu o agricultor. 
Sete agências dos Correios assaltadas em menos de um mês no Médio e Alto Oeste
Um ponto vulnerável nas cidades oestanas que os marginais gostam de assaltar são as agências dos Correios, devido ao número reduzido de funcionários e a falta de vigilantes. Em pouco menos de um mês, sete agências do Correios foram assaltadas. Almino Afonso, Rafael Goleiro, Lucrécia, Tabuleiro Grande, Encanto, Itaú e Caraúbas já tiveram suas agências postais assaltadas pelo menos uma vez.
Segundo a polícia, geralmente dois elementos, de motocicleta, usando roupas escuras, capacetes, armados de revólveres ou pistolas são os responsáveis pela ação que leva de cinco a dez minutos.
O bacharel Clayton Pinho, titular da Delegacia de Polícia Civil de Apodi, disse que os criminosos preferem moto para assaltar postos de Correios, devido ser mais ágil durante a fuga.
"A motocicleta é mais fácil de passar por qualquer local, além do mais pode ser camuflada em qualquer local", destacou.
As agências dos Correios não divulgam o montante de dinheiro levados pelos assaltantes, mas sabe-se que é um valor muito alto.
População abandona zona rural devido ao alto índice de criminalidade
Vários municípios da região Oeste estão com dezenas de domicílios rurais abandonados. A população foge para os centros urbanos em busca de mais tranquilidade.
Esse é o retrato das comunidades localizadas entre os municípios de Caraúbas e Janduís, onde o êxodo rural foi o responsável pelo fechamento das residências. Para se ter uma ideia, os 20 quilômetros que separam Caraúbas da comunidade de Santo Antônio, se tornam intermináveis para quem arrisca transitar, seja de dia ou à noite.
Fazendas abandonadas, casas deterioradas, taperas na beira da estrada refletem um cenário triste e melancólico, principalmente pelos ex-moradores, obrigados que foram a se mudarem.
"Quando eu me lembro que fui forçado pelos acontecimentos a me mudar e abandonar minha casa, fico transtornado e de mãos atadas. Cinco vezes invadiram minha propriedade, de onde levaram animais, motores agrícolas e uma moto que comprei com muito sacrifício", explicou um homem marcado pela violência.
Segundo o proprietário, em uma das ocasiões ele reconheceu um dos marginais que passou a fazer constantes ameaças contra ele e sua família. "Para evitar o pior (matar ou morrer), achei melhor deixar tudo para trás e recomeçar a vida em outro lugar", destacou.
A polícia caraubense alegou que não há policiais suficientes para fazer o patrulhamento nas comunidades

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