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domingo, 31 de julho de 2011

Quando o amor acontece por trás das grades dos presídios



O ato de amar é uma prática milenar que ultrapassa gerações, onde homens e mulheres se entregam mutuamente em busca de prazer, que através do sexo se encarregou de construir gerações e edificar nações. Tudo dentro de uma liberdade de escolha entre parceiros, vivendo em sociedade.
No entanto, quando a liberdade falta devido a circunstâncias alheias à vontade do sujeito, o separa de sua companheira, sendo obrigado a ser excluído do convívio social devido ter cometido um delito e por essa razão chegou a ser condenado a cumprir pena em uma instituição prisional.
Mesmo o direito de amar e se relacionar intimamente com sua mulher não lhe é tirado pela Justiça. A Lei de "Execução Penal" diz que o preso, tanto o que ainda está respondendo ao processo, quanto o condenado, continua tendo todos os direitos que não lhes foram retirados pela pena ou pela lei. Isto significa que o detento perde a liberdade, mas tem direito a um tratamento digno, conforme reza a Constituição do Brasil.
A visita íntima é um dos direitos adquiridos, mesmo ainda não estando regulamentada, mas tem sido permitida em caráter experimental pelos presídios brasileiros. Assim, a visita íntima do marido, mulher, companheiro ou companheira deverá estar sempre condicionado ao comportamento do preso, à segurança do presídio e às condições da unidade prisional sem perder de vista a preservação da saúde das pessoas envolvidas e a defesa da família.
Trata-se de uma questão delicada a ser encarada com muita responsabilidade, em benefício da própria população carcerária. No entanto, a visita da família é um direito incontestável, que deve ser incentivado, como elemento de grande influência na manutenção dos laços afetivos e na ressocialização do preso.
De acordo com o major Humberto Pimenta, diretor da Cadeia Pública de Mossoró Juiz Manoel Onofre de Souza, atualmente na instituição que ele dirige, 149 presos provisórios dividem os dois pavilhões da instituição, onde muitos deles estão trancados há anos. Na Cadeia Pública os detentos recebem visitas íntimas desde que obedeça a alguns critérios.
"Para receber as visitas o preso tem que apresentar bom comportamento, estar convivendo com a companheira há pelo menos três meses, não se envolver em confusão e, acima de tudo, respeitar o espaço individual dos companheiros", explicou.
Outro ponto destacado pelo diretor é que a companheira do preso tem que se cadastrar junto à direção do órgão para ter direito a visitar intimamente o marido. "Exigimos o cadastro das mulheres dos detentos para que não ocorra um avanço na prostituição dentro da unidade. "As mulheres sendo cadastradas evitam que problemas graves de saúde, geralmente transmitidos pela multivariedades de parceiros (doenças sexualmente transmissíveis), se propaguem entre os presos", ressaltou.
A direção da Cadeia Pública instituiu os dias de terça e quinta-feira para as visitas. Na terça-feira os presos provisórios do Pavilhão I recebem as visitas íntimas, enquanto a outra ala recebe os familiares. Na quinta-feira ocorre o inverso. Geralmente as visitas iniciam por volta das 8h e se encerram às 16h. 
Parlatórios improvisados servem de "ninho de amor" para os presos
Devido estar sempre com a sua capacidade máxima preenchida, os presos da Cadeia Pública sentem falta de um lugar reservado para receber as esposas e namoradas nas visitas íntimas. Mesmo assim, nada impede o amor e os interessados acabam colocando a criatividade para funcionar e encontram soluções.
Um dos caminhos encontrados é a improvisação do cenário de sexo e para isso usam os próprios beliches de dormir para engendrar o "Parlatório", como ficou batizado uma empanada feita de lençol, separando as camas dos custodiados. "Naquele curto espaço individual o amor acontece dentro das celas. Para evitar qualquer barulho, eles ligam rádios com o volume alto e naquele universo criado por eles nada mais importa", disse o major Humberto.
Durante as visitas íntimas só é vetado a entrada de menores de 18 anos, devido à lei não permitir que adolescentes façam parte do mundo carcerário. "Só há um maneira de uma menor ter direito a visitar o companheiro, é se ela já tiver filhos com ele fora da instituição".
Para as mulheres dos presos chegarem até eles percorrem todo um processo de fiscalização feito pelas agentes penitenciárias, que usando detectores de metais e outros métodos vistoriam desde a bagagem até as partes íntimas das companheiras.
Toda a segurança na vistoria ainda é pouco, de acordo com o major Humberto, diretor da instituição. Recentemente em uma vistoria nas celas dos dois pavilhões foram encontrados dezenas de celulares, drogas e outros objetos ilegais. O diretor acredita que a maioria das irregularidades entra por meio das companheiras, principalmente celulares, que elas conduzem na vagina.
Histórias e 'fetiches' que ocorrem nas visitas íntimas na Cadeia Pública
Relatos apresentados pelas agentes penitenciárias mostra que as mulheres que fazem visitas íntimas também têm suas particularidades e não deixam a relação esfriar, inovando a cada encontro.
"São histórias inusitadas que ocorrem que deixam a gente impressionada com a capacidade de inovação. Para se ter uma ideia, outro dia indagamos uma mulher que sempre vinha com a calcinha vestida ao contrário e quando perguntamos o que significava aquilo ela disse que era um pedido do namorado, que ao vê-la daquela forma se excitava ainda mais", explicou uma agente.
A carcereira disse também que outro dia se deparou com uma situação muito complicada de resolver. Durante a revista, o detector de metal apitou quando foi passando próximo da vagina de uma visitante. Pressionada, ela confessou que conduzia maconha nas partes íntimas a pedido do marido preso.
"Nós pedimos para que ela retirasse a droga, só que ela havia colocado tão profundo que estava dificultando a retirada. Foi aí que ela pediu para chamar o marido, alegando que somente ele estaria habilitado para fazer a retirada. Trouxemos o homem e ele fez a 'operação' na nossa presença, foi uma situação vexatória assistir aquela cena", contou.
Peças exóticas, manias, superstições, erotismos e muita vaidade e fetiches marcam a rotina das carcereiras no dia a dia das mulheres que aprenderam a conviver com o "amor por trás das grades".
"Aqui descobrimos as inovações dos fetiches e aprendemos que mesmo em situações adversas o mundo feminino não abre mão da vaidade", concluiu.

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