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domingo, 6 de novembro de 2011

Delegacias desestruturadas comprometem segurança pública do Rio Grande do Norte



Reflexo da falta de investimentos na área da segurança pública, a maioria das Delegacias de Polícia Civil do Rio Grande do Norte funciona bem abaixo do ideal, em termos de contingente e condições estruturais dignas para se desenvolver o trabalho dos profissionais que compõem a polícia investigativa do Estado.
São situações de extrema precariedade nas DPs, responsáveis por investigar, prender e elucidar crimes, nas cidades norte-rio-grandenses. Não se sabe onde é pior, se na capital, onde as delegacias abarrotadas de presos, proporcionando ambientes subumanos, tanto para os policiais e agentes quanto para quem está detido.
Para se ter uma ideia do caos que se instalou nas especializadas, recentemente notícia veiculada nacionalmente na imprensa mostrou a situação de uma DP em Natal, onde a superlotação das celas obrigou os agentes a algemar os presos em um quadro de moto existente no pátio, devido não caber mais ninguém nas celas.
As frequentes fugas de presos dos inúmeros Centros de Detenção Provisória (CDPs), que geralmente funcionam nas delegacias, aflora a fragilidade do sistema prisional, além de comprometer a integridade dos agentes penitenciários.
Segundo um delegado, que preferiu o anonimato, a criação dos CDPs não resolveu em quase nada a situação das delegacias. "Muito pelo contrário, mesmo funcionando com os agentes penitenciários as celas dos CDPs vivem sempre abarrotadas de presos, tornando o ambiente das delegacias uma verdadeira bomba-relógio. Aqui em Mossoró, por exemplo, a Defur (Delegacia Especializada em Furtos e Roubos) convive constantemente com o perigo. Celas com capacidade para 10 presos já chegaram a comportar mais de 30", explicou.
As carceragens da 1ª e 2ª DP, também estão superlotadas, nessa última mais de 50 mulheres dividem as quatro celas que estão em funcionamento. O diretor do CDP masculino, Antonio Eilson, "Bião", tem feito verdadeiro malabarismo para conseguir acomodar tanto preso em tão curto espaço físico. "Tem dia que é preciso recorrer aos diretores de outras instituições para esvaziarmos um pouco a nossa carga", disse. 
Precariedade da Denarc compromete trabalho dos agentes e delegado no combate ao tráfico de drogasEm Mossoró, uma das piores situações de precariedade recai sobre a Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc), que funciona em uma sala emprestada da 2ª DP no bairro Nova Betânia.
Segundo o depoimento dos poucos agentes que trabalham na Denarc, três somente, nos dois últimos meses a situação de abandono por parte do Governo se afunilou ainda mais, a ponto de comprometer as diligências e apreensões de drogas.
Atualmente não tem uma viatura descaracterizada para as investigações e abordagens. "Nós tínhamos duas viaturas, porém foram levadas para Natal e ficamos sem ter como fazer o nosso trabalho. Começamos a usar nossos carros, mas estavam ficando conhecidos e pondo em risco as nossas famílias, então tivemos que parar de usá-los",destacou um agente.
A revolta do agente com a situação caótica vai mais além, ele disse que ultimamente nenhuma prisão de traficante foi efetuada pela Denarc porque eles não têm como se deslocar para as diligências. "As pessoas ligam denunciando, recebemos as informações, mas, infelizmente, fica só nisso", contou.
O delegado Denis Carvalho, titular da Denarc, já solicitou providências da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), mas até o momento não foi atendido.
Agentes que estavam vindo de Natal para dar suporte nas delegacias deixaram de vir porque não receberam as gratificações salariais, combinadas com a Sesed, pelo serviço extra prestado.
DP de Caraúbas funciona apenas com um agente por plantãoO problema enfrentado pelas delegacias não se reflete apenas nas carceragens de Natal e Mossoró, consideradas cidades de grande população. No interior do Estado o caos é ainda maior. No município de Caraúbas, a delegacia está completamente abandonada, sem agentes, escrivão e delegado, além de equipamentos adequados para o desenvolvimento do trabalho.
Por plantão apenas um agente se desdobra para fazer todo o serviço da especializada, que permanece a maioria do tempo fechada. As pessoas que precisam dos serviços da DP têm que dar inúmeras viagens para poderem ser atendidas, pois na maioria das vezes quando o agente se ausenta para realizar os procedimentos burocráticos não tem quem responda na sede da unidade prisional.
Para piorar mais ainda, o contingente da Polícia Militar também opera em caráter reduzido, com apenas três policiais por plantão para cobrir toda área territorial, que se limita com nove municípios.
Na semana passada os representantes públicos do município estiveram reunidos em Natal com o secretário Aldair Rocha, da Sesed, cobrando providências urgentes para a cidade e região, no entanto como resposta o representante do Governo disse que de imediato nada poderia fazer e se comprometeu em enviar para o próximo ano um "kit segurança" composto por um delegado, um escrivão, três agentes, dois computadores e uma viatura policial.

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