Sanfona, bandeirinhas, quadrilha, pipoca e quentão já não são mais fabricações improvisadas para celebrar o São João, São Pedro e Santo Antônio. Hoje, as festas juninas se transformaram em negócio milionário. Segunda melhor data para o varejo - atrás apenas do Natal -, no Nordeste muitos empreendedores aproveitam essa oportunidade para entrar no mundo dos negócios. Os resultados positivos durante as festividades têm provocado a formalização de muitos empreendedores da região.
Levantamento do Sebrae mostra que a formalização de Microempreendedores Individuais (MEI), que atuam com no máximo um funcionário e faturam até R$ 60 mil por ano, aumentou mais de 100% entre 2010 e 2012 nas cidades com tradição em festas juninas. “As festas do Nordeste nessa época do ano sempre movimentam um grande volume de dinheiro e a boa notícia é ver que esses recursos agora fazem parte da economia formal”, destaca o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Ele avalia também que a formalização desses vendedores autônomos fortalece a economia local. “Um negócio formalizado tem possibilidades de prestar serviços e vender produtos o ano inteiro, inclusive para empresas e governos, sem depender exclusivamente do período de festas juninas.”
Em Caruaru (PE), o volume de trabalhadores envolvidos com atividades festivas aumentou 303% no período. Famosa por atrair centenas de turistas para o São João, a cidade tinha apenas três microempreendedores individuais que trabalhavam com confecção de roupas sob medida em 2010. Dois anos depois, o número saltou para 187. Situação semelhante ocorreu em Campina Grande (PB), onde a formalização de empreendedores autônomos cresceu 174% nos últimos dois anos. Na cidade, a quantidade de MEI no serviço ambulante de alimentação aumentou 233% no período, assim como também foi registrado crescimento entre aqueles que trabalham no comércio varejista de bebidas. Em 2010, 22 microempreendedores individuais legalizados atuavam nessa atividade em Campina Grande. O número passou para 69 no ano passado.
É o caso da empresária Geórgia Nunes, sócia-proprietária de um negócio junto com a mãe, Dagmar Moura. Em Tucano, interior da Bahia, as duas embalam as noites do mês de junho com uma doce bebida: o licor caseiro da Dagmar, que vem nos sabores maracujá, tamarindo, jenipapo, passas, ameixa e limão. A produção é toda artesanal e gira em torno de cem litros para cada sabor. Geórgia informa que, durante as festas juninas, as vendas aumentam em 70%. “Uma dificuldade para quem começa no São João é a sazonalidade. Produtos típicos têm uma queda logo após os festejos”, destaca.
A ideia de negócio surgiu em 2007, com a aposta de vendas essencialmente em junho. Decisão acertada. O produto fez sucesso e as encomendas não pararam. “No primeiro ano, vendemos a sobra dos licores nos meses seguintes ao da festa. Foram poucas garrafas”, lembra. Hoje, as empresárias se profissionalizaram e o Licor da Dagmar se tornou um negócio rentável e promissor. Geórgia criou embalagens diferenciadas e, pouco a pouco, entrou no mercado do estado. Este ano, Dagmar virou microempreendedora individual (MEI) e fez várias capacitações no Sebrae, como cursos de atendimento ao cliente e de preço. “Isso fez toda a diferença para alavancar o produto”, ressalta.
Para driblar o problema - já que 90% das vendas se concentram no mês de junho -, Geórgia e Dagmar lançaram mão de uma adaptação do licor. "A bebida fina possui outra identidade visual, outra embalagem, outro rótulo e sabores, como banana, amendoim, chocolate e café", explica Geórgia. A mudança não é à toa. A intenção é vender a nova linha o ano todo, para compensar a queda na procura pelo licor depois do São João
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