O papa Francisco disse nesta quarta feira (20) à presidenta Dilma Rousseff que é necessário empenho conjunto para combater as drogas e reforçar os valores e os princípios para a juventude. Dilma foi a primeira chefe de Estado recebida por Francisco, depois da cerimônia que marcou ontem (19) o início do seu pontificado. Na conversa, o papa lembrou que a construção do futuro depende da juventude.
"[O papa] falou sobre a importância da juventude na construção do futuro da humanidade e que a Igreja [Católica], como uma instituição secular, tem no jovem um foco muito grande", disse a presidenta, após o encontro com o papa, no Vaticano.
Dilma disse que Francisco ressaltou que é fundamental, para o combate às drogas, reforçar valores e princípios. "Conversamos sobre a questão das drogas e do crack, o reforço de valores, princípios e símbolos para a juventude", destacou ela. Ao se dirigir aos cardeais, no último dia 15, o papa pediu que eles usem a sabedoria, que apenas o tempo e a idade ensinam, para conquistar fiéis.
Na ocasião, improvisando o discurso aos cardeais, Francisco lembrou que o conhecimento e a sabedoria são aprimorados com o passar dos anos. "Ser idoso é a sabedoria da vida, levemos essa sabedoria aos jovens", disse, na semana passada.
A presidenta acrescentou que o papa confirmou que participará da Jornada Mundial da Juventude, nos dias 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro. "Ele [o papa] disse que espera uma presença grande dos jovens [durante a jornada]", contou ela.
Segundo Dilma, o papa disse que pretende, depois da jornada, visitar Aparecida (SP) – onde está a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, considerada uma das maiores do mundo, construída em homenagem à santa de mesmo nome encontrada por pescadores no interior de São Paulo.
"Ele [o papa] disse que vai a Aparecida, depois [da jornada]. Ele até me lembrou que, em 2007, esteve em Aparecida, e me deu um livro do que eles [os bispos latino-americanos] fizeram em 2007", contou a presidenta, lembrando da recomendação de Francisco de que ela "não leia o livro todo".
"'Você não precisa ler tudo porque você pode se aborrecer, então você pega o índice e vai nos assuntos que te interessa', ele me disse", contou Dilma, entre sorrisos, demonstrando o bom humor de Francisco.
A presidenta se disse impressionada como o papa se comporta como uma pessoa normal. "Ele [Francisco] é o primeiro muitas coisas: é o primeiro Francisco, primeiro jesuíta, primeiro latino-americano e primeiro argentino", acrescentou Dilma, informando que percebeu bastante entusiasmo no papa.
Dilma informou também que o papa entende bem o português e fala uma mistura do idioma com o espanhol. "Ele fala portunhol, como nós", brincou.
Combate à pobreza
Na conversa com a presidenta Dilma Rousseff, o papa Francisco demonstrou também conhecer a política de combate à pobreza e à fome desenvolvida no Brasil. Dilma reiterou que a prioridade do papa é dar assistência aos pobres e mais frágeis, tema que Francisco ressaltou em seus sermões desde que foi eleito papa no último dia 13.
"O papa é extremamente carismático e tem um compromisso com os pobres, o que torna a relação com o Brasil muito importante porque o governo brasileiro vem, nos últimos dez anos, a partir do [ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] focando a questão da superação da pobreza", disse Dilma.
"[Expliquei para ele que essa] é uma política de Estado. Expliquei como é que estamos. Mas ele conhecia bem. Não houve surpresa, ele conhecia bastante bem".
Santa Maria
Francisco ainda se disse comovido com a tragédia ocorrida em Santa Maria (RS), no dia 27 de janeiro, que deixou 241 mortos. Segundo a presidenta, Francisco elogiou a forma como o Brasil reagiu à tragédia: com força e ternura.
"O papa disse: 'Eu fiquei muito comovido com a questão que ocorreu em Santa Maria. Eu acho que a gente tem na vida que demonstrar força e ternura'", contou a presidenta. "Em Santa Maria, o Brasil demonstrou força e ternura, ele disse."
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