Cerca de 100 moradores de 16 comunidades que integram o polo Jucuri, zona rural de Mossoró, interditaram a BR-405, na altura do KM 17, na manhã de ontem, 8. O objetivo era chamar a atenção dos poderes públicos municipal e estadual para os problemas vivenciados diariamente pela população.
Denominado de "1ª Pré-Grito do Polo Jucuri", o protesto teve início por volta das 7h30 e só foi encerrado três horas depois. A pauta de reivindicações dos moradores inclui pontos como: implantação da política de reforma agrária; construção da Estrada do Cajueiro, BR-437; melhorias na rede de atendimento à saúde; maior segurança nas comunidades e ampliação dos serviços de distribuição de água.
"Não podemos nos calar diante de tantos problemas. Faltam saúde, segurança, educação, água. Nós temos sede. No ano passado a Prefeitura construiu um poço aqui, em Jucuri, com excelente vasão, mas até agora ele não funcionou. Do que adianta?", frisa a moradora Viviana Mesquita.
Revoltados, os moradores exigiam a presença da imprensa para encerrar a mobilização. "Precisamos ser ouvidos, essa foi a única solução que encontramos para que o poder público escute os nossos gritos. Para se ter uma ideia, temos um posto policial, que já foi reformado três vezes pela própria comunidade, mas que não tem policiamento, a insegurança está tomando conta da população", lamenta o morador Maurílio Santos.
Outro problema enfrentado pela população do polo Jucuri está relacionado ao transporte público escolar. Segundo o agricultor Jean Carlos, a empresa responsável por fazer o deslocamento dos alunos para a zona urbana da cidade alega que há mais de três meses o Governo do Estado não repassa os recursos para que o serviço possa continuar funcionando. "Quem pode, paga um táxi, mas aqui não podemos. Qual é o agricultor que pode desembolsar R$ 20 todo dia para o filho ir à escola?", questiona.
Mãe de dois filhos adolescentes, ambos estudando na zona urbana de Mossoró, a agricultora Vilani Tavares lamenta a situação . "O motorista do ônibus não está errado em não querer trabalhar, já que não está recebendo. O problema é que os nossos filhos estão sendo prejudicados, perdendo aulas. Como é que eles terão condições de cursar uma faculdade algum dia desse jeito? Não terão, essa é a realidade", afirma.
Trecho foi liberado pelos manifestantes após chegada da PRF
Por volta das 9h, uma viatura da Polícia Rodoviária Federal chegou ao local da interdição e deu início ao processo de negociação com os moradores. A PRF permaneceu na via até o final do protesto, garantindo a passagem de pessoas que necessitavam ultrapassar o bloqueio com urgência, como uma senhora que estava com cirurgia marcada e não poderia esperar a liberação da BR.
Para os demais condutores, a solução foi esperar. "Se o protesto é contra esse Governo do Estado, eu espero até o dia todo, se for preciso. A reivindicação da comunidade é justa, não se pode ficar parado. A manifestação é pacífica e é bonito ver tantos jovens gritando por melhorias", defende o agricultor João Moreno, que estava se deslocando para sua residência, no município de São Miguel, quando se deparou com a interdição.
Movimentos sindicais também estavam presentes na mobilização. Entidades como o Sindicato dos Servidores da Administração Indireta do RN (Sinai/RN) e Sindicato dos Empregados no Comércio de Mossoró (Secom) acompanharam todo o protesto, além do grupo Marcha Mundial das Mulheres, Território da Agricultura Familiar Camponesa, entre outras. "Uma comunidade que não grita não vai ser ouvida por ninguém. É preciso ir à luta, batalhar por melhores condições de vida", conclui Hermes Oliveira, coordenador regional do Sinai/RN.
Reivindicações dos moradores do polo Jucuri
- Implantação da política de reforma agrária;
- Construção da Estrada do Cajueiro, BR-437;
- Melhorias na rede de atendimento à saúde;
- Maior segurança nas comunidades;
- Ampliação dos serviços de distribuição de água;
- Retomada do serviço de transporte do público escolar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário