O problema de evasão de alunos nas universidades de Mossoró não é recente. Na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) entre 2004 e 2005, cerca de 200 alunos deixaram a instituição. Atualmente, com uma maior diversidade de cursos ofertados, o número de estudantes também cresceu e paralelamente a esse aumento esta à evasão dos alunos, que atinge aproximadamente 720 universitários no último ano.
De acordo com o pró-reitor de Graduação, Arimateia Matos, existe um equívoco na contabilização dos alunos que saem da Ufersa.
"A fórmula utilizada pelo Ministério do Planejamento não é correta, e tenho combatido muito esse cálculo, pois os dados fornecidos por ele não é a realidade da Universidade. Através das estimativas muitas pessoas dizem que a evasão da Ufersa chega a 25% e isso não acontece, pois o número de alunos que sai seria maior do que o número de alunos que entra na Universidade", explicou o reitor.
Arimateia ainda destaca que não dá saber o real motivo que leva os alunos a saírem das universidades, porque muitos deles simplesmente abandonam o curso e a instituição perde o contato com os mesmos. Entre o grande número de alunos que simplesmente abandonam o curso estão os das ciências exatas, como Informática, Engenharia, Física e Química.
"Só podemos supor quais sejam as razões. Uma delas é a dificuldade que alguns alunos encontram em acompanhar algumas disciplinas, principalmente aquelas que envolvam cálculo, como matemática ou física. Esse problema é justificado por esses indivíduos terem um ensino básico deficitário. Quando isso acontece eles simplesmente abandonam o curso, dizendo que não acompanham", disse o pró-reitor.
O acadêmico de Agronomia, Alexandro Araújo, comprova as suspeitas do pró-reitor ao dizer que é muito comum os estudantes abandonarem o curso de Engenharia Agronômica alegando dificuldades em acompanhar as disciplinas.
"Não é apenas a falta de estrutura dos cursos que motiva o aluno a sair da universidade. Muitos deles, por terem uma base do ensino médio e fundamental falha não conseguem acompanhar o ritmo das aulas. Uma turma de Agronomia que começa com 80 alunos, ao longo do curso menos da metade chega a se formar", enfatizou Alexandro.
Aluna de Engenharia de Pesca, Julianna Barbosa disse que a realidade do seu curso também não é diferente da encontrada nas turmas de Agronomia.
"Eu mesma já pensei em desistir do curso diversas vezes. Os alunos de Pesca têm encontrado muitas diversidades em termos de estrutura física ofertada pela instituição, bem como mercado de trabalho bastante restrito na região, o que de certa forma acaba desestimulando os futuros profissionais. Muitos amigos têm partido para outras áreas, trancado ou até mesmo desistido do curso", acentuou Julianna
Estudos alegam que outro fator causador da grande evasão nas universidades é o aluno buscar o curso de baixa demanda com o objetivo de, após ter ingressado, procurar o curso de sua verdadeira opção, através da transferência interna. Como isto às vezes não é viabilizado, principalmente pela não oferta de vaga para este tipo de ingresso, o aluno busca uma nova oportunidade em outra instituição.
Uern apresenta índices representativos de evasão
Não é apenas a Ufersa que vêm enfrentando o problema da evasão universitária, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) também passa por problemas parecidos. Em 2005, mais de 120 alunos se evadiram da instituição. Com as constantes greves de professores e servidores, além da falta de estrutura física do órgão, os profissionais que atuam na universidade acreditam que esse número tenha crescido bastante.
A acadêmica de Administração Mariana Marques disse que já pensou em desistir do curso diversas vezes. "Vários fatores me levaram a ter esta ideia. O que mais pesou é a grade curricular do curso, pois caso o aluno reprove qualquer cadeira, ele não sabe quando o curso vai ofertar a disciplina novamente, o que acaba atrasando a conclusão da graduação. A grade de Administração é muito antiga, em qualquer outra universidade são 4 anos, mas na Uern a gente passa 5, isso sem contar com as greves", argumentou Mariana.
Uma das formas encontradas pela academia para diminuir o número de alunos que abandonavam o curso foi o estímulo de medidas que facilitem a transferência de alunos para outros cursos ou instituições.
De acordo com a Universidade, esta medida é de suma importância para combater a evasão, tendo em vista que muitas vezes o estudante ingressa na universidade e não se identifica com o curso.
Estudos afirmam que a evasão universitária no Brasil apresenta um índice muito elevado, cerca de 40%, o que leva a crer que as Instituições de Ensino Superior (IES) não estão se ocupando adequadamente deste fenômeno, não só na gestão dos cursos já existentes, como também na abertura de novos cursos.
Uma outra causa apontada por Vieira e Frigo é o fato de muitos universitários serem "trabalhadores-estudantes", em que a dificuldade de conciliar o trabalho, que é o meio necessário para a subsistência, com os estudos, muitas vezes torna-se inviável.
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