A Câmara realiza agora pela manhã uma comissão geral para discutir a seca na região Nordeste do País. Parlamentares, especialistas e representantes do governo federal vão avaliar medidas capazes de reduzir os impactos da estiagem na região, que só neste ano atinge mais de 1.415 municípios. Internautas poderão enviar comentários e perguntas por meio do portal e-Democracia.
Considerada um problema crônico e de difícil solução, a falta de chuvas no sertão nordestino está associada a causas naturais, principalmente à baixa influência de massas de ar úmidas e frias vindas do Sul. No entanto, para o deputado Leonardo Gadelha (PSC-PB), que propôs a comissão geral, o poder público não pode continuar usando a imprevisibilidade do fenômeno como argumento para não agir preventivamente.
Segundo o deputado, já é possível prever a incidência de longos períodos de estiagem. Como exemplo, ele cita o estudo de um dos especialistas que deverá participar da comissão geral na próxima quarta-feira, o professor Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas. "Esse estudo mostra a correlação do resfriamento das águas do Oceano Pacífico com a incidência de uma estiagem mais aguda no nordeste", explicou Gadelha. "Com esse convidado eu quero mostrar que nós já temos condições técnicas de prever, pelo menos com um ano de antecedência, a incidência de uma forte estiagem."
Crédito bancário
O deputado cita ainda outros pontos que poderiam contribuir para amenizar os efeitos da escassez de água que destrói lavouras, provoca a morte de animais e cria dificuldades para o homem, sobretudo o que vive do campo. "Para discutir a questão do crédito, eu sugeri que fosse convidado o presidente do Banco do Nordeste, Ari Joel Lanzarin", disse Gadelha.
Para o deputado Alexandre Toledo (PSDB-AL), a questão central nesse caso são as dívidas dos produtores rurais. "Com o ritmo em que estão sendo feitas as execuções no Nordeste, brevemente haverá apenas um grande latifúndio pertencente aos bancos", criticou.
Gadelha também sugeriu que fosse convidado o diretor do Instituto Nacional do Semiárido, Ignacio Hernán Salcedo, para falar sobre técnicas que já existem para melhorar a convivência do homem nordestino com a estiagem. Segundo o presidente do Centro de Estudos, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), a ideia é levar para o debate propostas de ações concretas para ajudar a população a conviver com a seca que se repete com frequência na região.
"É importante fazer plantas que sejam resistentes à baixa precipitação pluviométrica. Está sendo feito um estudo pela Embrapa sobre o café, a soja, o feijão, o arroz, o trigo, o algodão e tantos outros produtos que podem trazer rentabilidade", disse Inocêncio.
Rio São Francisco
O deputado Leonardo Gadelha sugeriu ainda o convite ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, para discutir quais ações estão sendo tomadas para assegurar que a região não sofrerá mais com déficit hídrico.
"Nesse caso, a principal solução é conclusão das obras de transposição do rio São Francisco e nós precisamos saber quando vamos poder contar com essa água da transposição", completou.
Orçamento
Outro ponto que deverá ser debatido é a execução orçamentária. Parlamentares que defendem ações emergenciais para atender os atingidos pela seca afirmam que nem sempre os recursos previstos no orçamento são efetivamente aplicados em prevenção e assistência às populações atingidas.
O deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) reclama do descaso do governo federal. Dados apresentados pelo parlamentar mostram que, em 2010, o Congresso Nacional aprovou expressivos valores para os programas do Ministério da Integração Nacional vinculados ao combate à seca, à melhoria do acesso à irrigação e medidas de desenvolvimento sustentável.
Entretanto, os cortes na execução orçamentária e os contingenciamentos do orçamento elaborado em 2010, resultaram numa aplicação orçamentária baixíssima em 2011, quando a seca já atingia grande parte do Nordeste.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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